sábado, 15 de julho de 2017

Mandalas: A expressão da essência

Mandala é uma palavra que significa "círculo mágico" em sânscrito, e se caracteriza por figuras circulares que são usadas há milênios em algumas culturas e religiões orientais para representar atributos divinos ou formas de encantamentos/orações (mantras).
A sua antiguidade remonta pelo menos ao século VIII a.C. e são usadas como instrumentos de concentração e para atingir estados superiores de meditação (sobretudo no Tibet e no budismo japonês).

Na Psicologia Moderna, Carl Gustav Jung, criador da Psicologia Analítica, ao estudar as mandalas orientais e sua utilização como instrumento de culto e de meditação, passou a desenhá-las, descobrindo o efeito de cura que elas exerciam sobre ele mesmo. Após anos de pesquisa e aprofundamento no conhecimento do psiquismo humano, ele passou a utilizar a construção de mandalas como método psicoterapêutico.

Pintura de Carl Gustav Jung no Livro Vermelho

Através de seus estudos ele percebeu que a mandala representa o nosso eu mais inconsciente, interior, a nossa essência, que ele denominou "Self". Quando desenhamos ou construímos uma mandala, estamos expressando ali uma espécie de mapa do nosso inconsciente e um caminho para reconhecermos nossa essência.

Somente o criar da Mandala já é um ato extremamente positivo para a psique de qualquer indivíduo, pois além de trabalhar a criatividade como qualquer processo artístico, ainda trabalha o simbolismo do círculo que representa a totalidade psíquica. Jung observou em trabalhos criativos de seus pacientes que, os pacientes com distúrbios psíquicos mais graves, não eram capazes de desenhar formas exatas, desenhavam riscos e imagens confusas. Conforme o tratamento ia evoluindo, começavam a desenhar formas e finalmente círculos. Os círculos representam a psique estruturada e coesa, a totalidade do ser, ou a expressão do "Self".

Além do processo de criação já ser terapêutico, ainda podemos trabalhar com a análise das mandalas, analisando o simbolismo dos elementos e principalmente das cores colocadas nos locais determinados, que representam pontos do  nosso inconsciente e do processo deste "caminhar para o encontro com si mesmo", que Jung chamou de Individuação.


A mandala já era utilizada como instrumento terapêutico, desde os tempos primitivos, pelos Xamãs indígenas da América e aborígenes da Austrália que, ainda nos tempos atuais, as gravam e desenham em areia colorida. Também, místicos ocidentais e orientais de quase todas as culturas, ao longo de toda a história da humanidade, já utilizavam mandalas como “um caminho para reencontrar seu próprio centro”.

Para Jung a mandala é a porta entre dois planos, o inconsciente (mundo interno) e as tarefas exteriores (mundo externo). Mas também é terra e homem. O homem que pode ser projetado no universo e o universo que pode ser projetado no homem. Micro e Macro cosmos, que na verdade são dois lados de uma mesma moeda. Nós somos o universo e parte dele, assim como temos parte do universo impresso dentro de nós.

Mandala Tibetana

Essa gama de simbologias que as mandalas oferecem, estão ligadas diretamente com os processos da fantasia, dos desejos, das motivações do inconsciente do indivíduo que a está criando. Toda essa representação de conteúdos internos, é fundamental para que possamos visualizar fora e de maneira mais clara, o que está acontecendo dentro de nós.

Podemos inclusive observar padrões, que nos tomam diariamente, por mecanismos de atuação condicionada e automática. Ou mesmo observar quais elementos e simbolismos fazem parte do nosso momento de desenvolvimento pessoal, e assim concluir como lidar e que caminhos seguir. Essa visualização dos processos internos, traz a possibilidade de fazer o devido manuseio diante das revelações que os simbolismos da mandala lhe revela.

Como os antigos bem definiam é "um caminho para encontrar o próprio centro". Uma ferramenta incrível que pode nos ajudar nessa contínua busca pelo auto conhecimento e transformação.

"A Mandala é uma imagem arquetípica cuja a precisão é atestada através dos anos. A imagem circular representa a totalidade, ou, colocando em termos míticos, a divindade encarnada no homem." (C.G.Jung)


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Dia 05 de agosto vou oferecer um workshop em Campos dos Goytacazes onde ensinarei a criação e análise das próprias mandalas, baseado nas técnicas da psicologia analítica e na teoria da Alquimia Junguiana. Mais informações AQUI.

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